Na estrada de Damasco


A estrada curvava para a direita, mas o carro seguiu sempre em frente, sem hesitar, feito trajectória: desceu a encosta num longo rasto de pó e imobilizou-se num estrondo surdo contra a árvore isolada.

O homem sentado ao volante, o sangue a escorrer-lhe num fio pelo lado direito do rosto, ficou quieto, de olhos bem abertos e minutos decorreram até que passou lentamente um dedo pela testa, o ergueu em frente ao rosto e procedeu a uma prolongada inspecção.

Depois saiu do carro e ficou de pé ao seu lado, olhou a árvore, o tronco largo, os ramos torcidos, a copa frondosa, e descansou o olhar no horizonte, na direcção do sol que descia. Respirou fundo, inspirando e expirando ruidosamente, deu alguns passos e sentou-se encostado à árvore, de costas para o carro.

Pouco tempo depois fechava os olhos e adormecia.

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Este blog chegou ao fim. A estrada que percorri trouxe-me sem dúvida uma revelação, talvez uma capitulação, talvez uma entrega, e sem dúvida um recomeço. Este blog quase secreto, ou nada secreto, pois algo que quase é já não o é ou não o é ainda, reflectiu um caminho que percorri. Aos poucos que me acompanharam devo esta explicação que muitos dirão que nada explica. No entanto, percorri a minha estrada, o meu caminho, este mesmo que construo enquanto avanço, e que só me pode levar onde tenho de ir.

Até à próxima!